sábado, 7 de julho de 2007

Capítulo 7 - Segunda Parte

Capítulo 7 – Won’t you come back tomorrow?
Segunda e Última Parte

- Isto vale uma pipa de massa! – Exclamou Ivone vagueando pelo pequeno estúdio.
- Ainda estou para perceber qual é a tua intenção.
- Olha-me só para este mostrengo... – diz Ivone sorridente pressionando nas teclas do piano.
O som agudo do instrumento ecoou por toda a sala e espalhou-se pelo corredor da entrada. António fechou a porta atrás de si.
- Quem é que é capaz de viver no meio desta balbúrdia? – Pergunta ele incrédulo caminhando pelo meio dos quadros.
- Isso vim eu cá saber! – Responde Ivone sentada diante da secretária completamente coberta de papéis e alguns envelopes fechados.
Decide pegar num. Devidamente fechado. Ao princípio mal conseguiu ler o que lá estava escrito e depois compreendeu porquê. Estava escrito em Inglês. Um Inglês correcto escrito numa caligrafia um pouco rabiscada de mais. Aliás, toda a papelada em cima da escrevaninha estava escrita à mão e em estrangeiro.
- O que é? – Pergunta António aparecendo por detrás de Ivone.
- Cartas, montes de cartas! Sem fim, olha só! – Ivone remexe no meio da desordem e pega num monte de envelopes fechados. – Estão todas por ler!
- Ou todas por enviar.
- Consegues decifrar? – Pergunta ela fazendo baloiçar o envelope diante dos olhos de António. – Está em Inglês.
- Querida, eu mal percebo a nossa língua, que fará a língua dos outros! – responde ele atirando a carta de novo para o monte.
- O que é isso? – Pergunta Ivone apontando para uma pequena caixinha que António segurava nas mãos.
- Ah... acho que é uma harmónica. – Responde ele abrindo-a.
O pequeno objecto metálico brilhava dentro da caixinha avermelhada, como uma pérola na sua concha. Era sem dúvida uma harmónica. Parecia novinha em folha. António voltou a fechá-la e pousou-a cuidadosamente em cima do piano.
Voltou-se para trás e não viu Ivone em parte alguma da sala. Deu mais meia volta e reparou numa porta entreaberta e avançou.
- Olha o que eu encontrei. – Diz ela.
Estava sentada na berma de uma cama num quarto bastante espaçoso. Havia uma manta repuxada para um fundo da cama e Ivone despejara a gaveta da mesinha de cabeceira para cima da colcha.
- Só sabes desarrumar!
- Olha.
Ivone entregou a António uma fotografia.
- Achas que é ele?
António olhou para o jovem da foto. – Parece-me que sim...
- Caramba, cada vez acho que o conheço de algum lado! Não sei... faz lembrar alguém!
- Olha, há aqui outra. – Diz ele pegando numa pequena figura a cores um pouco desbotadas. – Deve ser ele com o seu grupo de amigos, não te parece?

***
Larry caminhava ligeiramente à frente do grupo. Ia cabisbaixo e não tinha falado nada desde o pequeno percalço de à pouco. E não era só ele. Paul estava completamente a leste do assunto de conversa de Adam e Dave.
A manhã estava mais fresca que o normal. Havia começado o Outono à pouco e as aulas regressaram também na Mount Temple para a maioria dos jovens de Dublin. Mas não era por isso que os The Hype deixavam de tocar. Muito pelo contrário, a sua agenda estava mais sobrecarregada que nunca. Desde a última actuação que não deixaram de “chover” convites por parte de discotecas e bares da zona. Tinham bem a consciência que a sua fama era cada vez maior e o seu nome bastante divulgado pela cidade. Para quatro rapazes que cresceram nas entranhas de Dublin esse facto era electrizante e quase paralisante, mas muito animador saber estabeleciam um contacto muito forte com o seu público de cada vez que actuavam. Aliás, não eram apenas quatro... havia o Dick. O irmão de Dave que comparecera ao seu lado desde o primeiro dia. Bem, nem sempre estava presente, digamos antes assim. Apesar de ser o único no grupo que já não frequentava a escola tinha muito pouco tempo para a banda dado que a maior parte das vezes eram só os restantes quatro que faziam o trabalho de ensaio. Dick só se limitava a aparecer nas actuações com a sua guitarra e tocar juntamente com os outros. Por isso, toda aquela vivência de grupo e de trabalho de equipa era vivida com Paul, Larry, Adam e Dave. Larry chegou a perguntar-se muitas vezes se Dick fazia parte dos The Hype ou não, ou se era apenas um acompanhante e ajudante de audiências. Na verdade, a banda nem necessitava de outro guitarrista, Dave saía-se bastante bem.
O grupo subia a O’Connel Street um pouco calado, o que não era habitual. Normalmente era uma valente confusão quando se juntavam todos. Tinham sempre motivo de conversa e chacota e já para não falar nos assuntos dos The Hype que tinham em conjunto. Naquela manhã fria e húmida sentia-se uma atmosfera um pouco tensa no ar que os manteve um pouco distantes durante a curta viagem até ao cimo da avenida.
Paul apertou o casaco até cima e encolheu os ombros tiritando de frio quando acompanhou os amigos a atravessarem a rua. Aquela era a velha cidade de Dublin que ele bem conhecia. Juntou as mãos em forma de concha e respirou uma lufada de ar quente fazendo uma nuvem de fumo branco escapar-se-lhe por entre os dedos. Olhou para as árvores estáticas e despidas plantadas no meio da estrada e perguntou-se como iria estar a sua voz para o ensaio depois daquele momento tão resfriante. Uma porcaria, como já estava habituado!
Não muito longe dali, Joana aceitava o casaco da sua nova amiga passando-o pelos ombros. Ficava-lhe um pouco largo mas não fez caso.
- Onde estamos? – Pergunta ela levantando-se apoiada em Eve.
- Acordaste em plena O’Connel Street na manhã mais fria do ano com apenas um vestidinho de Verão no corpo! Eu tinha logo morrido de hipotermia! – Exclama Eve acendendo um cigarro por entre as mãos. – Detesto o frio. É por isso que moro na Irlanda, entendes?
- Não.
Evelyn MacBrennan queimou literalmente metade do cigarro com uma só passa. Olhou para Joana com desprezo por detrás dos olhos vermelhos e inchados. Libertou todo o fumo dos pulmões devagar que formou uma nuvem cinzenta sobre as duas cabeças.
- Como te chamas? – Perguntou Eve olhando para os pés quanto caminhava.
Joana não respondeu logo. Estava a tentar habituar-se à ideia que estava num lugar desconhecido. Podia ser uma questão de segundos, mas não. Não se lembrava de todo como se chamava.
- Não sei. Não me lembro...
Evelyn soltou um gritinho perverso fazendo os olhos brilharem de excitação. – A noite deve ter sido mesmo muito louca para nem sequer te lembrares do teu próprio nome!
- O quê?
Joana olhou incrédula para Eve que se ria descontroladamente.

Fim do Capítulo 7

6 comentários:

Unknown disse...

Muito boa a continuação!!!
Que bisbilhoteiros essa Ivone e esse Antonio, estão vasculhando toda a casa. E pobre da Joana que até do próprio nome esqueceu...
Mas fiquei feliz porque os meninos apareceram!!!!
Tô ansiosa para a continuação da história, já postei lá na UV também.
Bju2^^

Anônimo disse...

Muito bom!!
Parabéns

Anônimo disse...

Bem, eu já tinha dito, gostei muito! Finalmente a verdadeira história começou! Amei, amei, amei 5****

Sofia disse...

Parabéns.... mais uma vez mostras o que vales... tens futuro.... A tua veia artística já começa a latejar por mais...

Ficamos à espera de mais...

Beijinhos enormes e good vibes para ti ;-)
Sofia

Joanne disse...

Obrigada pelos coments e pelo incentivo! E fico feliz por terem gostado! ^.^

O Capítulo 8 está a ir muito bem e é agora que finalmente se vai descobrir o que aconteceu com a Joana... tecnicamente, claro!


Beijos e abraços!

Sofia disse...

Queremos o capítulo 8... queremos o capitulo 8... lololol

Tou a brincar. Mas que queremos queremos...

Beijinhos e boas inspirações
Sofia