sexta-feira, 8 de junho de 2007

Capítulo 6

Nem vale a pensa dizer nada... após um mês sem postar, esta desavergonhada vem agora pôr pra aqui uma caganita de capítulo!? XD
Bem, espero que gostem! Acho que está a ir pelo bom caminho!


Capítulo 6 – Where the Streets Have no Name

Joana tentou a todo o custo encaixar as peças na sua cabeça. Estava completamente baralhada quanto àquela estranha situação. Uma súbita ventania levanta-se naquele lugar que fez rodopiar as folhas secas depositadas nos cantos dos passeios. Joana também se viu obrigada a segurar-se para não caír. Os longos cabelos cor de ouro voaram violentamente em todas as direcções em protesto de sua fúria.
O rapaz ainda lá estava. Vestido num blusão de cabedal parecia muito bem conjugado com o ambiente daquele dia. Joana olhou para ele. Tinha um olhar intenso mas agradável. O rosto era magro e um pouco sarapintado com sardas. O cabelo era espesso e preto e caía sobre a testa, completamente despenteado. Joana achou curioso. Parecia um misto de sinistralidade com um certo humor.
Mas Joana ainda sentia a cabeça andar à roda juntamente com o estômago quando o ouviu babulciar qualquer coisa que não conseguiu decifrar.

***

O velho com um impulso conseguiu subir para a ambulância num lugar da frente. Ele guiaria-a até Joana, uma vez que não havia morada concreta da sua casa. Estava inquieto e um pouco envergonhado.
O veículo arrancou a toda a velocidade pela rua acima fazendo um berreiro de todo o tamanho. Os enfermeiros e pessoal de auxíliar iam fazendo perguntas no qual lhe custava responder. Na verdade ele não conhecia Joana, não sabia quem ela era nem de onde veio. Isso era o bastante para se sentir culpado de tudo.
Afundou a cara nas mãos e limpou o suor. Inspirou fundo.

***

Ivone Costa e António estavam nas traseiras do café quando a ambulância partiu. Desempacotavam algumas garrafas e traziam-nas para dentro. No meio da balbúrdia, Ivone falou ao marido:
- Reparaste na pronuncia estranha do homem?
- De quem? – Pergunda António distraído com o trabalho.
- Do homem de há bocado! – responde a mulher.
- Devia ser estrangeiro, ou então era do sul, sei lá. – diz ele sem levantar o olhar.
- Achei-o muito estranho e suspeito, juntamente com a história que ele contou da menina. Então ele nem sequer sabia onde morava?! – diz Ivone ao marido.
- Deve ser novo cá. Nunca o vi por estas bandas.
- Nem eu... – concorda ela pensativa.
- O que estás a a tramar, mulher? – pergunta ele empilhando mais um monte de cervejas a um canto.
- Tenho de tirar esta história a limpo.

***

Joana apercebeu-se da terrivel realidade. Não estava apenas a sonhar. Tudo aquilo era bem real. E não estava sozinha.
Tentou proteger os seus braços gelados da ventania que se fez sentir. Apercebe-se também que a rua é muito mais larga e longa do que pensara quando a olhou de relance. Ainda estava sentada e queria-se levantar mas assustara-se com os quatro vultos que se atravassavam em sua frente.
- Hã... It’s everything fine... with you? – repete o rapaz de preto chegando-se mais perto.
- Do you need something? – pergunta um outro rapaz de de franjas douradas, tão compridas que chegavam a espetar-lhe nos olhos.
Joana sentiu-se como se tivesse andado numa montanha russa.
Eles eram quatro e já os conseguia ver nitidamente. Pareciam ter saído de algum filme de acção ou algo não menos caótico que um desastre de automóvel. Os rapazes estrangeiros olhavam para ela com a mesma expressão confusa.
Joana queria responder algo mas não lhe saía nada da boca.
Chegando do nada, alguém enterrompe o confronto de olhares com uma voz imponente. Nem deu tempo de Joana responder.
- Vamos lá bazar daqui! Saiam, a moça está comigo!
Joana desviou o olhar. Uma mulher, uma aparente jovem mulher, agachou-se à sua frente e olhou-a nos olhos com frieza.
- Trouxe-te isto! – Disse ela enfiando-lhe um pequeno saco de papel nas mãos. – Deduzi que tivesses fome... como deves ter ficado a noite ao relento!
Ela falava num inglês corrente que Joana mal compreendia. Tinha uns cabelos encaracolados, não muito compridos num loiro quase cegante. Os olhos eram cor de mel muito bem disfarçados pelas carregadas olheiras roixas pingadas no rosto sem cor.
- Thank you. – respondeu Joana envergonhada olhando para dentro do saco.
- O meu nome é Evelyn. – disse ela. – Mas podes tratar-me por Eve.

***

A maca onde Joana repousava rolava agilmente pelo chão liso e brilhante dos corredores das urgências. O pequeno homem seguia os médicos e todas aquelas pessoas que rodeavam a moça numa tentativa de perceber alguma coisa do que falavam. Perdido que nem um passarinho agarrava com fervor na mala de Joana procurando em alguma coisa onde se agarrar. Estava esgotado.
Áquela hora não se podia sequer pensar em entrar naquele hospital. Mesmo no centro da cidade, era para onde se dirigiam a maioria dos casos mais graves e delicados de toda a região. Haviam pessoas atarantadas por todo o lado e em todos os cantos permanecia alguém tentando circular no meio de todo aquele cenário turbulento.
Surgindo de uma porta, uma mulher bonita avança ao encontro do senhor. Era morena com uns cabelos castanhos muito compridos e toda vestida de branco chamou à sua atenção. Sorridente e com um olhar muito sereno pegou na sua mão delicadamente e conduziu-o de retorno à saída.
- O senhor é o que acompanhou a rapariga na ambulância, não é?
- Sim. – Respondeu ele deixando escapar uma gota de suor que escorreu rapidamente até ao pescoço.
- Venha comigo por favor. Vamos falar um bocado sobre si e sobre a menina Joana. – disse ela num tom de voz muito calmo que deixou o homem ainda mais nervoso.
Ela conduziu-o para uma pequena sala do outro lado do hospital. Por lá as coisas já estavam muito mais tranquilas. A jovem entra e fecha a porta atrás de si depois de deixar o homem acompanha-la também.
- Ora, então quem é o senhor? – pergunta ela escondendo-se por detrás da sua secretária. – Pode sentar-se, por favor.

***


- Fica descansada filha, eu vou num instante ver o que se passa e depois volto!
Arrumou a carteira no ombro e calçou as sandálias à pressa.
- O que disseram ao telefone? – pergunda Sofia.
- Encontraram-na. Deu entrada agora no hospital e... ainda não sabem o seu estado, apenas encontra-se inconsciente. – explicou Carla entre suspiros. - Não saias de casa! – ordenou ela abrindo a porta.
- Vais deixar-me sozinha sem saber o que se passa com a Joana? Acho que tenho o direito de...
- Vamos!
Saíram as duas a correr para o hospital.

4 comentários:

Flávio Gonçalves disse...

Parabéns, o capítulo está muito bom!!! Quero mais, quero maiiis!!

10/10***

The Star disse...

Eheheh, depois de um mês à espera, valeu... mais um bom capítulo.
E agora para quando o próximo? Estou ansiosa, espero que não tenha de esperar mais um mês. ;)

GK disse...

Estava a ver que não! LOL
Boa!

Joanne disse...

Oh queridos... mais um mês não! Em breve terão o 7º capítulo! O meu projectozinho está a crescer...!! ^.^

Obrigada gente! Vemo-nos em Dublin! ;)