Sleight of hand and twist of fate
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O sol continuava a aquecer aquela manhã de Verão. As pessoas iam-se amontoando nas ruas originando o movimento rotineiro da grande cidade do Porto durante a hora de ponta. Por aquela altura do ano havia mais agitação. Turistas avistavam-se em todos o lado. Nas ruas, nas lojas mais típicas da cidade, nas esplanadas e principalmente à entrada dos monumentos históricos. Roupa fresca, chapéus de sol tapando os cabelos claros e mapas prontos a servirem-lhes. Lá iam passando as suas férias num país com certeza mais quente e agradável que o deles. Carla bem tinha pensado numas férias assim. Mas a crise que se fazia passar em Portugal chegava bem para todos, e era impossível para Carla realizar qualquer tipo de planos para aquelas férias. Mas pensando melhor, vendo aquelas pessoas todas encantadas com um monte de pedras sobrepostas com mais de 500 anos, afinal de contas, Portugal não era assim tão mau aos olhos dos turistas. Eles sim, são os mais indicados a apontarem aquilo que temos de melhor no nosso país.
- Vai trocar de roupa antes de almoçares – indicou Carla à filha que já se dirigia para o seu quarto.
Pousou as chaves na prateleira da entrada e meteu-se na sua cozinha pensando no almoço.
Sofia largou o saco da Natação no chão e abriu o guarda-fatos. Sentiu a falta de algo importante ali. Por momentos pensou que fosse alguma peça de roupa mas é então que repara na parede do guarda-fatos vazia.
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Já passava das 11 e meia. Joana já sentia alguma fome e não fazia a menor ideia de como voltar para casa. Ainda tinha aquele caso do poster em mãos. Não podia regressar sem tudo pronto. Ainda para mais aquele velho era muito estranho e não estava a ajudar em nada.
- Bom, senhor, eu tenho que ir embora. Já é tarde. – Disse Joana embaraçada estendendo-lhe a mão para receber o poster de novo.
- Venha comigo. Eu ajudo-a. – pediu o senhor agarrando-lhe levemente no braço. – Sabe, eu já trabalhei numa loja de molduras.
- E tem a certeza que me pode ajudar? – pergunta Joana desconfiada. A sua mão era quente e seca tocando na pele suada de Joana.
- Sim, em minha casa eu tenho tudo do que preciso para acabar esse trabalho. Basta vir comigo. – Informou ele. Mostrou um sorriso simpático e virou as costas seguindo caminho calmamente.
Joana ficou estática sem saber se havia de ir com ele ou voltar para casa sozinha sem o quadro para Sofia. Não fazia seu género acompanhar estranhos. A sua mãe sempre a educara assim e também não se fiava por questões de segurança óbvias. Estava prestes a virar costas e continuar pela direção contrária quando repara que não tinha o poster consigo. Mordeu o lábio nervosa e pensou para si o quanto podia arrepender-se daquilo que estava a fazer.
- Ei, espere! – chamou Joana correndo de novo ao encontro do homem. – Consegue acabar isso antes da uma hora?
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O sítio onde o senhor morava não ficava muito longe do largo. A sua singela casa situava-se nas águas-furtadas dum edifício muito velho, mesmo por cima de um suposto estabelecimento já há muito vazio e mal estimado, caído no esquecimento durante anos naquele beco escuro e solitário. Com certeza ignorado pelas pessoas influenciadas pelos grandes centros comerciais recentemente construidos na cidade do Porto. Esse facto fez Joana pensar na tristeza daquele pequeno senhor em morar ali sozinho. Depois de viver a sua juventude, repleta de pessoas e vivacidade dá de caras com a velhice, repleta de tristeza, solidão e muita fragilidade e sem ninguém para o amparar e dar carinho como certamente deve ter feito a muita gente quando pôde. Como ele, haviam muitos outros esquecidos e perdidos no seu próprio mundo. Mundo que ninguém percebe e valoriza até mais tarde o alcançar.
Joana seguiu-o até à porta de entrada. Não estava trancada, apenas encostada. Com um leve empurrão de ombro ela abriu-se e deu passagem aos dois. Havia um corredor comprido seguindo-se de uma escadaria em cimento. As paredes estavam todas grafitadas com palavrôes e algumas mensagens embora quase disfarçados com a humidade que se fez sentir no Inverno passado. Joana calculou o quanto devia ser gelado aquele edifício em época fria.
O corrimão de madeira estava visivelmente sujo e lascado com o passar dos anos e nos degraus amontoava-se o lixo típico das ruas do Porto, papéis, plásticos, restos de comida, folhetos publicitários rasgados e algumas penas de pombas que teimam voar por toda a parte.
- Não se preocupe, a minha casa é asseada. – informou o velho divertido, olhando a expressão de Joana vislumbrando aquele cenário óbscuro. – Por mais que eu mantenha isto limpo há sempre aqueles malditos miúdos que entram e destroem tudo!
- Não tem medo de morar aqui? Isto não tem segurança nenhuma! – perguntou Joana admirada.
- Não, ninguém se ia interessar certamente por meia dúzia de velharias! – disse o homem sarcasticamente.
Chegaram à porta onde o senhor morava. Sacou uma chave do bolso e fê-la rodar facilmente na fechadura. A porta rangeu e abriu-se deixando saír alguns raios de luz vindos da pequena janela ao fundo da sala.
Joana ficou estáctica à entrada olhando para o ímpossível. Os seus olhos arregalaram-se enquanto olhava em sua volta. Não conseguia acreditar no que via.
9 comentários:
Creeeedo! O que viu ela??!
Capítulo muito bom, que velho simpática, quero um também : )
Eu tmb quero um pra mim! Mas agora tou mais entertida a comer o bono! (hehehe!)
Não se assustem meninas, são as bolachas da nestle!! (infelizmente, n é?)
-.-
loool
Brigada pelo coment Flávio!
Credo!!
Qé qe ela viu??
Qe foi??
OMFG.. Qe foi??
[Tou curiosa -______-]
Quarta-feira devo ter o 3 capítulo prontinho! XD
Até lá não morram de ansiedade! aquilo promete mais suspense! whahaha
Joana ficou estáctica à entrada olhando para o impossível.
Muito boa frase.
Olá Joanne !!
Sou a Mila Hewson da UV, vi o post que você deixou lá no fórun e resolvi conferir o blog. O template ficou muito lindo mesmo e a história está ótima, já conseguiu mais uma fã !!!
O que será que a Joana viu ???
Assim você nos mata de curiosidade !!
Continue sua história ^^
Oi Joanne, estou amando ler os capítulos, muito bons! Seu blog está lindo! Parabéns! Beijos Adri Soul Love da UV.
Hum, obrigadissima meninas! Vocês são uns amores! E prometo que não se vão arrepender!
*.*
Bjos da Jo!!
ola jo!
desculpa so estar a ler isto hoje mas é que eu estava com preguiça e tal e só agora li isto e comento, então.
bem, devo dizer que gostei, está ao nível dos capítulos anteriores, mas prende mais a nossa atenção. pena alguns erros ortográficos, mas isso é normal.
por isso tudo, 8/10.
www.luzescamaraaccao.wordpress.com
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